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terça-feira, abril 26, 2005

«Tenho Fome!»

Sim, é verdade: pequenas frases fatais que se escapam de nós como ecos dos instintos primeiros, primários sentires que falam antes que pensar se faça urgente, confissões inocentes das coisas que nos animam os sentidos. Sim, tens razão: nunca eu disse «Tenho Fome!...» sem que me trouxesses comida. E sim, eu sei: de certa forma, não estariamos hoje aqui se não te tivesse dito exactamente a mesma coisa, há quatro anos atrás. E é só por isso que me corre agora esta coisa da irremediável fatalidade contida nas frases orgânicas. Porque eu já devia saber o quão perfeita és a responder à precisão dos meus apelos. Quando eles são assim: como agora (outra vez) te soam - inconscientes (ainda) da fundura da falta que sentem, ingénuos (quem diria?!) da necessidade que dentro se lhes anuncia.

(...)

«Amo-te quase assim», tu dizes, «Quando depois do desalvoro, sentes fome e é a mim que vens. A pedir comida. Como quem sabe sempre onde ir ter. Como quem sabe sempre quem mata as fomes que sobram. Como quem sabe e não se perde do lugar onde ficou a mão capaz de alimentar. Depois do mundo. Apesar dos outros. Quando chega ao fim o teu tempo lá fora. Depois do relógio se partir. Terminado o intervalo do teu desassossego. Ao largo. Na rua. Longe de casa. Sem mim.»

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