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quinta-feira, maio 05, 2005

«Speak Easy»

Esse era o tempo, Marujo, em que vinhamos pelo poente até que a noite nos mandasse de volta ao Cais. Era esse o tempo. O tempo do teu silêncio em olhos de avelã. Altivo e sereno, como se tudo o que te recaísse à pálpebra mais não fosse que uma linear extensão de água e tudo se pudesse olhar com a mesma horizontalidade com que se porfiam os mares. O tempo de um certo empoleirar em banco alto, de súbtis gestos em permanente desacato, quando morrias à minha mão sob a mesa, imperturbável como um mastro de passagem pelas vagas altas, distante e calado, perdido num eco de saxofone mais adiante. Era esse o tempo. O tempo em que sorrias diante de mim (caso perdido!), acendias um último cigarro sob a sobrancelha pisca e, mais de esguelha, me fazias o sinal de sempre, que era todas as noites como quem diz: Anda, vamos acabar de morrer em cima do rio.

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2 Comments:

Blogger VdeAlmeida said...

É bom morrer todas as noites em cima do rio :-)

1:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não sei como poderá ser morrer em cima do rio.
Sei apenas das tuas palavras.
E essas são belas.
Beijo

7:35 da tarde  

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