Enquanto Falamos...
Passeio por entre os cerca de 200 desenhos que, ao longo dos anos, Victor Arruda foi rabiscando sem compromisso em páginas de caderno, enquanto falava ao telefone, e que compõem a inusitada exposição que fica em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, até 3 de Abril.
O Arruda nasceu em Cuiabá, em 1947. Fala por gestos que são assim como uma espécie de golfadas rápidas a cortar o ar, como se também ele fosse feito de papel. Diz que não sabe porque foi que a curadora Claudia Saldanha e o crítico e artista plástico Adolfo Montejo Navas, escolheram estes rabiscos para espalhar nas paredes do galpão. Como provavelmente continua sem saber por que foi que Oscar Niemeyer o convidou, em 1989, para pintar o painel que está no foyer do teatro do Memorial da América Latina. Diz que «desenha blocos e blocos» por mera «convulsão» e que só muito raramente o assedia a ideia de algum dia se subtrair à preguiça de os «ampliar». E eu gosto disso, nele. Gosto desse paradoxo que junta na mesma mão artista uma certa preguiça congénita e o exercício de velocidade na relação com o traço. Como gosto da despreocupação que é a sua, e de cada uma das obsessões despretensiosas que o fazem entrar em "convulsão", ao telefone. Enquanto falamos.
Etiquetas: Senhora Sul BLG
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