«Nights In White Satin»
«Nights in white satin, never reaching the end
Letters I've written, never meaning to send... »
Podes vir se me contares uma história, se encheres a noite até ao meio e me deixares tudo o mais pela metade, tudo o mais para amanhã. Podes vir se aceitares deixar-me ao meu silêncio e traçares uma linha a giz que divida o sofá ao meio e o tempo em dois. E tu dizes que a antiguidade é um posto. E eu lembro-te mais um punhado de coisas que me ensinaste além do amor dos corpos. E ris o teu riso obsceno de mestre sem reino certo: «Nights in White Satin!... Salve, todas as noites de criminoso rapto e o milagre da Lolita parida nas gargantas escarpadas do Guincho!» E rio eu: menina de sorte no colo do Lobo, a adolescer o lado melhor das coisas do amor sem precisar crescer demasiado. Referências de beira de estrada, eu diria. Voltas a rir. «Mas fiz-te camas divinas em bermas de folhas! Esmerei-me em recantos de serra. Descobri para ti dunas de colchão macio e adamasquei-te leitos em lugares onde nunca nenhuma mulher amou antes de ti.», dizes. E depois dedicas-te a lembrar-me todos os tectos que houve, todos os tectos milimetricamente escolhidos a mim, que tenho caprichos de cama, e cobras um pouco mais de justiça, um pouco menos de impertinência. Honra te seja feita, é verdade! Tu: eterna sabedoria guardada às mãos do Mestre.
O tempo roda, os anos giram, mas nunca nenhum louco me parece mais delirantemente adorável que tu. É ainda e sempre teu o indefectível posto do meu louco preferido.
Etiquetas: Senhora Sul BLG
1 Comments:
Eu não devia comentar este Post, é "conversa" em que me intrometo. Aliás, eu nem sei que post devo comentar, e no entanto, apetecía-me comentar todos. É esta deliciosa escrita que quero aplaudir apenas, e para isso não tem de haver um post em particular, ou uma razão específica. Por cá me vou encantando todos os dias.
Eufigénio
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