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segunda-feira, março 28, 2005

Será Que Foi Saudade?

«Será que foi saudade
Que te machucou por dentro
Que te fez por um momento
Entender de solidão ?

Será que foi saudade
Que te fez quebrar a cara ?
Sou doença que não sara
Dentro do seu coração
»

... Ocorre-me esta espécie de lamento sertanejo. Brega. Completamente brega. Crú. Perfeito, na verdade.

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sábado, março 26, 2005

A Salvo

A «tranquilidade», Querida, toda essa tranquilidade de que fazes nota, é só porque me sei absolutamente a salvo. Não é que eu seja nem maior, nem mais forte, do que alguém. Mas ninguém se agita verdadeiramente sem ser diante do perigo. Mesmo que pressentido. E eu já disse: não sou nem mais, nem menos, que as corças diante do predador. Fosses tu um perigo, e a narina pulsar-me-ia no farejar de uma possível morte próxima que espreitasse!... Acontece, Meu Amor,que tu só me és fatal numa única circunstância: quando genuínamente amas. Quando amas, aí sim!... és-me inescapavelmente fatal. O que não é o caso, neste momento. Já não é o caso. É por isso, Querida, por isso e só por isso, que nada temo, agora. Porque sei que não podes, na realidade, fazer-me mal nenhum. Ainda que quisesses. Mesmo que tentasses. Porque só me és ferinamente mortal quando amas.

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Irrecuperável Ausência

Podemos dizer todas as coisas agora!... Todas as coisas diante do inesperado. Todas as coisas inesperadas, até! Também. Podemos. Eu posso! Porque eu sei de tudo o que já não há, de tudo o que não existe mais e continua sem vislumbre. Mas, de alguma forma, eu sei que já não há em mim lugar a ti. Olho-te mas não to digo, nem sei se por pena, se apenas por me parecer inútil a advertência. Ou por vingança, sim. Inconsciente, quase inocente... mas vingança, ainda assim. Por teres gasto tanto tempo longe sem um segundo (sequer) a perder para perceber o óbvio: tudo aquilo que foi sucedendo enquanto andavas por lá - ao largo, longe, irremediável e fatalmente indiferente. Leve, solta e leviana, entretida num longe de onde não é possível voltar nunca mais. Nem que os deuses queiram. Como agora.

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quinta-feira, março 24, 2005

Meia-Noite ou «Meia Hora»

«Segunda-feira. Á meia-noite. Quando for meia-noite. Depois da saudade de ti. Sem um telefonema. Segunda-feira!... Quando for meia-noite. Estarei lá a dizer estou aqui.»... E eu recordo-me daquela outra cavalgada antiga, daquele meu tropel pela escadaria de pedra larga... «Meia-hora!», ela disse, meia-hora e uma vida, ela disse então. E eu desci. Galguei os degraus e desci. Sem precisar de gastar por inteiro os 30 minutos da meia-hora que me dava: só o tempo que ia do topo do edifício à porta do carro, parado em espera depois da esquina. Inevitáveis, as lembranças. Cruéis, os paralelos. Odioso este operar do raciocínio que assiste aos humanos e me faz concluir que (afinal), ainda hoje, ela perde para mim em destreza e rapidez!... Perde para mim na velocidade de reacção. E se ela continua a chamar a si os desafios, eu continuo a ganhar-lhe na prontidão disparada da resposta.

(...)



«Quando for meia-noite.», ela disse. Ela adora marcar encontros no tempo!... Céus, como ela adora prometer mais do que lhe cabe entre os dedos curtos das mãos pequenas!!...
(...)

Preciso dizer-te o que atravessou a ideia, assim de repente?!... Vais falhar o encontro, eu sei. Vais chegar sem vir. E vais ficar dependurada na gare, mais uma vez. Como quem não alcança o estribo. Como quem nasceu pra ver partir, como quem já se habituou a viver brandamente a ver passar. Tão diferente de mim!... Tão irremediavelmente diferente de mim!

(...)

Ouço chamados, sabes?! Ouço chamados e obedeço como os bichos. Dispara-se-me a guelra, rasga-se-me uma louca sede e pulsa-me uma veia faminta atravessada à raiz do peito. Depois disso acontece um mergulho, qualquer coisa onde me afundo, afogo, afobo... Qualquer coisa que não sei como se nega ou como se resiste.

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«441» - Pilares Flutuantes

Já não dói! Como?! Eu disse: «Estás errada. Já não dói.» E é só por isso que aqui estou agora: porque já não dói e então posso vir-te como antes sabia não poder.

(...)

Não, esse desgaste de que falas, essa luta inglória, esse desaire em vão, eu não tive. Tens razão!... Não sei o que seja. Porque nunca mexi um dedo para te tirar de mim. Sempre soube que, mais tarde ou mais cedo, haverias de decidir-te por qualquer eficaz forma de suicídio que te fizesse enfim morrer-me dentro. Como acabaste por fazer, afinal. Como vês, não é uma questão de ter sempre a razão a meu favor: é só porque, no fim de contas, aí também não me enganei. Irritante, a pontaria, não?! Eu sei, eu sei... Posso perfeitamente perceber que o seja, sim. Mais uma vez. Irritantemente irritante!... o acerto... a pontaria.

(...)

Procuras-me o centro do olho. Vejo-te vacilar um pouco na escolha exacta do foco. Observo-te, sabes?! Eu também. Tal como tu. Penso que não posso esquecer-me de anotar algures que hesitaste na incerteza da mira que fosse a certeira. Parece-me um reparo curioso. Há-de concerteza querer dizer qualquer coisa, depois de tanto tempo... tanto tempo junto, outro tanto (quase igual) separado. Voltemos, portanto! Ficámos no pedacinho em que me buscavas o centro do olho, lembras-te?!... Nesse mesmo. Encontraste-o. Ou melhor, pareces crer tê-lo encontrado. Façamos de conta que sim. Depois de tanto tempo não vamos querer ter a pretensão de ser inteiramente rigorosas, irrepreensívelmente perfeitas, como fomos um dia. Estou certa que um pouco de condescendência nos será perdoada. No centro do meu olho, então! Foi aí que ficámos: é aí que te queres e eu te deixo. Perguntas qualquer coisa que acreditas ser o que pretendes saber. Eu respondo-te uma outra que sei ser precisamente o que mais te importava perguntar.

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terça-feira, março 22, 2005

«Um Amor Puro»

... E agora, agora que passam algumas horas, dou comigo a perguntar se ainda te amo perdidamente como um dia amei, como há pouco (por momentos me pareceu tudo ressurgir) ou se é só este apego próprio de quem já viveu um grande amor e cai por vezes na tentação de o ver ressuscitar.... Como se ainda existisse: puro, intocável, intacto. Amor. O nosso. O meu. O que um dia foi por ti.

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domingo, março 20, 2005

«A Cidade de Deus»

Uma derradeira "mirada" sobre a cidade. A mesma que dizem cruel. Aquela que se crê ser violenta. Como se não fosse violência bastante a partida!... Como se houvesse crueldade maior que a despedida!

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sábado, março 19, 2005

Feeling Blue


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sábado, março 12, 2005

Passaporte

Está decidido o vôo.
Bem vês, as cidades não são assim tão diferentes das pessoas...

Há lugares que precisam de nós.

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quarta-feira, março 09, 2005

Enquanto Falamos...

Passeio por entre os cerca de 200 desenhos que, ao longo dos anos, Victor Arruda foi rabiscando sem compromisso em páginas de caderno, enquanto falava ao telefone, e que compõem a inusitada exposição que fica em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, até 3 de Abril.


O Arruda nasceu em Cuiabá, em 1947. Fala por gestos que são assim como uma espécie de golfadas rápidas a cortar o ar, como se também ele fosse feito de papel. Diz que não sabe porque foi que a curadora Claudia Saldanha e o crítico e artista plástico Adolfo Montejo Navas, escolheram estes rabiscos para espalhar nas paredes do galpão. Como provavelmente continua sem saber por que foi que Oscar Niemeyer o convidou, em 1989, para pintar o painel que está no foyer do teatro do Memorial da América Latina. Diz que «desenha blocos e blocos» por mera «convulsão» e que só muito raramente o assedia a ideia de algum dia se subtrair à preguiça de os «ampliar». E eu gosto disso, nele. Gosto desse paradoxo que junta na mesma mão artista uma certa preguiça congénita e o exercício de velocidade na relação com o traço. Como gosto da despreocupação que é a sua, e de cada uma das obsessões despretensiosas que o fazem entrar em "convulsão", ao telefone. Enquanto falamos.

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