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domingo, novembro 14, 2004

Abre!...

Há nas tuas mãos um cuidado feito a fogo e eu gosto porque me arde um pouco mais para lá da pele. E então avanço-te a espaços, por cima de avisos de última hora. Gosto que rodes a fechadura e entre-abras à porta apenas o bastante para me deixar entrar: uma fisga súbtil por onde me esgueiro e te caio em colo duro. Sem respostas para as perguntas que não fazes. Sem demoras nem meandros, evitando-me o desconcerto de sempre te chegar sem outra coisa que não seja o que te dou. Amo em ti essa delicada compreensão dos ímpetos sem razão. Amo.

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sábado, novembro 13, 2004

«Wild Horses»



Childhood living is easy to do. The things you wanted, I
bought them for you. Graceless lady, you know who I am,
you know I can't let you slide through my hands. Wild horses
couldn't drag me away. Wild, wild horses couldn't drag me
away.

I watched you suffer a dull aching pain. Now you decided to
show me the same. No sweeping exits or offstage lines,
can make me feel bitter or treat you unkind. Wild Horses,
couldn't drag me away. Wild, wild horses, couldn't drag me
away.

I know I dreamed you a sin and a lie, I have my freedom but I
don't have much time. Faith has been broken tears must be
cried, let's do some living after we die. Wild Horses, couldn't
drag me away. Wild, wild horses, we'll ride them someday

Wild Horses, couldn't drag me away. Wild, wild horses, we'll
ride them someday.



[Wild Horses - Rolling Stones]

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Por Conta Própria

Sim, reconheço que tem quase sempre este sabor.

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(Trans) Posição

Continuas. Teimas e insistes. Como um pulo de cavalo manso contra o arame farpado da vedação. Sem saberes que te falta esse "quê" por domar, único garante que (em verdade) te poderia lançar com êxito para o outro lado... !

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quinta-feira, novembro 11, 2004

Da Desmesura

Leio aqui um breve apontamento de Luis Augusto Fischer na Folha de São Paulo de hoje:

«Um pai, morador lá do sertão do país, levou seu filho até a beira do mar. O menino nunca tinha visto aquela massa de água infinita . Os dois pararam sobre um morro. O menino, segurando a mão do pai, disse a ele : "Pai, me ajuda a olhar?" »

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Vaga na Maré



Quando toda a água descer, eu prometo recolher-te mais ao peito, Meu Bem. Mas não agora, que agora não posso!... Preciso de um olho em crista e o outro ao fundo e não tenho nenhuma mão livre que chegue para ti. Quando enfim amainarem as vagas, eu conto-te do estranho equílibrio dos corpos sobre o cambalear das marés. Estendo-te debaixo de um lençol de algas e conto-te como é ter corpo de mastro e mãos partidas de velas pandas. Mas agora não posso, Meu Bem!... Não tenho como. Falta ainda que me cresçam guelras e que em salpicos me venha esse sal de nada que me há-de salvar primeiro.

... Quando a água descer, eu prometo! Por enquanto, fico daqui: a apanhar os pequenos restos de areia em trovoada que hei-de juntar aos dois bagos de névoa que já tenho para te levar.

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«I'm Sorry!»

Afinal, quase metade dos habitantes do País Soberano ainda se importa com o que vai pensando ao fundo o resto do mundo que também somos nós.

... E eu não resisto a deixar aqui um link .

São rostos de gente que, como já disse, sente dever um pedido de desculpa ao mundo. Não sei se lhes cabe por inteiro essa responsabilidade até porque, como a maioria deles faz questão de referir, pelo menos tentaram que pudesse haver alguma esperança de vir a ser diferente... Mais tarde. Mais à frente. Um dia. No futuro. Quem sabe?! Talvez.
Seja como for, vale a pena vaguear as 176 galerias on line: pela rudimentar simplicidade da ideia, pela franqueza das mensagens e pela díspar originalidade das suas muitas formas.

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segunda-feira, novembro 08, 2004

Das Teorias da Interpretação

Sabes, eu sou muito pouco sem as minhas raivas. Sou muito menos. Mais débil, mais pequena, mais cansada. Qualquer coisa se esvai de mim. Lentamente. A cada dia que termina. Nas vezes a menos que os braços me ficaram por mover. Um tédio imenso sem fim à vista. Uma inércia progressivamente mais difícil de contrariar... tanto que me deixa exausta por nada e coisa nenhuma. É por isso que, sempre que o mundo respira aliviado com a minha calma, eu sei que a verdade é grave. E calo-me e não digo nada. Nem um único comentário. Para quê repetir que em mim a calma não é sossego, é dor?!... Para quê lembrar que é só mais uma forma de morrer devagarinho, este desalento sem reacção que se confunde com a serenidade das pessoas tranquilas... Para quê?!

Permaneço deitada. Absoluta ausência de vontades, em certo sentido apaziguadora. Presto-me atenção. Mais atenção. Talvez seja preciso... A verdade é grave, sim! Eu sei.

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quinta-feira, novembro 04, 2004

Estados Contraditórios

Acordo com uma certa angústia: contra todas as expectativas recentes, o dia não amanheceu cavernoso. Está surpreendentemente claro e radioso... Onde é que está o céu carregado? Para onde foi a chuva mastigada??... Incomodam-me os equívocos solares.
Saio de casa para gerar uma certa dinâmica à inércia. Fecho a porta com quatro voltas e já não sei ao certo que queixa me aflige mais: se a do fim consumado do Verão, se a deste sol fora de época que não me reflecte a alma.

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Clean

Creio que agora a "casa" voltou a estar mais ou menos ordenada. Tentei pelo menos recuperar-lhe o sentido primeiro. A ver vamos!

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quarta-feira, novembro 03, 2004

Notícias do Mundo

(...)
Perdão!... Bem vês, é que pouco se me oferece dizer diante da efeméride... Saí para comprar pão pela manhã e trouxe jornais que não abri. Socorro-me do superficial acordo das manchetes para te explicar o que não entendes. Diziam mais ou menos assim, as primeiras páginas de hoje: os americanos votam e o mundo espera. Ora eu não posso esperar que os americanos votem!... Preciso de encontrar um trabalho para ontem.



(...)
Volto para casa. Não ligo a televisão. Não preciso de notícias e dispensos os telejornais. Não, não me retirei do mundo!... Mas é que tenho este caos, aqui no blog, para resolver, chá quente de maçã, chuviscos na vidraça e um disco antigo do Caetano para saber do mundo.


Americanos pobres na noite da Louisiana
Turistas ingleses assaltados em Copacabana
Os pivetes ainda pensam que eles eram americanos
Turistas espanhóis presos no Aterro do Flamengo
Por engano
Americanos ricos já não passeiam por Havana
Viados americanos trazem o vírus da aids
Para o Rio no carnaval
Viados organizados de São Francisco conseguem
Controlar a propagação do mal
Só um genocida em potencial
– De batina, de gravata ou de avental –
Pode fingir que não vê que os viados
– Tendo sido o grupo-vítima preferencial –
Estão na situação de liderar o movimento para deter
A disseminação do HIV

Americanos são muito estatísticos
Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos
Olhos de brilho penetrante que vão fundo
No que olham, mas não no próprio fundo

Os americanos representam grande parte
Da alegria existente neste mundo

Para os americanos branco é branco, preto é preto (e a mulata não é a tal)
Bicha é bicha, macho é macho
Mulher é mulher e dinheiro é dinheiro

E assim ganham-se, barganham-se, perdem-se
Cocedem-se, conquistam-se direitos
Enquanto aqui embaixo a indefinição é o regime

E dançamos com uma graça cujo segredo nem eu mesmo sei
Entre a delícia e a desgraça
Entre o monstruoso e o sublime

Americanos não são americanos
São velhos homens humanos
Chegando, passando, atravessando
São tipicamente americanos

Americanos sentem que algo se perdeu
Algo se quebrou, está se quebrando

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terça-feira, novembro 02, 2004

Novembro



Vou pagar a água antes que seja tarde demais e, olhando o recibo que me estendem, dou-me conta que estamos em Novembro há quase dois dias!... É então que me vem à cabeça onde estávamos há dois anos. Lembro-me de toda a água que havia, lá onde morávamos... no Reino das Águas Claras.

(...)

Chove. Dobro o recibo em quatro e saio do edifício. Continuam estas bátegas temperamentais sem cair certo. Evito meia dúzia de poças na calçada e uma lagoa em pleno alcatrão. Atravesso a rua e vou fazendo contas à vida, depois do pagamento. Dobro a esquina debaixo de mais um aguaceiro e sigo a pensar que a água está pela hora da morte!... Ainda assim: foi uma boa medida ter vindo pagar a factura em atraso. É terrível amanhecer para descobrir que nos vieram cortar a água durante o sono. Como me aconteceu contigo: quando se nos cortaram as águas claras ao Reino.

(...)

Em terras ao Sul torna-se banal o rojo dos lagartos pelos pés descalços.



(...)

Dois kalangos. Nós duas. Depois. A seguir ao fim.

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Os Inexplicáveis

Continuam os problemas aqui no blog. Agora foram os links da ala esquerda cá de casa que "misteriosamente" duplicaram!!....
Céus, que desespero!... Parece que a invisível "mão sinistra" continua divertidíssima, neste entretém de alucinar o meu template...

... Quem dera pudesse o Milagre da Multiplicação chegar-me à vida por outras frentes que não exactamente esta!... Um emprego, por favor!! Que tal multiplicar-me as possibilidades de um emprego?!

(...)

Luto desesperadamente pela sobrevivência, aqui. Não sei que mais concessões fazer, que mais inventar, que outras alternativas conjugar, que novas soluções engendrar, para fazer face às coisas do lado prático e incontornável da vida... Mais do que difícil, está a ficar insuportável. Hoje acabou o café. Vou morrer, mas sobrevivo. Preocupa-me o eminente instante em que as faltas sejam outras e se tornem insuperáveis. Dez meses é muito, muito tempo!!... Demasiado tempo! Nunca me passou pela cabeça que pudessem arrastar-se 10 meses de guerra vã, nem nos instantes de maior inquietação.
Se alguém me dissesse que todas as competências adestradas, toda a experiência profissional, toda a riqueza de curriculum, todo o reconhecimento público do trabalho feito (que sempre foi o meu melhor cartão de visita, a minha mais fiél carta de recomendação), haviam de reduzir-se a zero e de nada servir para impedir que um dia me visse numa situação assim, diria sem pestanejar que era puro delírio, péssimismo nato ou pesadelo saído de algum sono de pior agoiro!...

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segunda-feira, novembro 01, 2004

Rasto d'Asa


Olho pela janela o arrastar de asa de uma gaivota tresmalhada ao rio pelo pescoço do pato de cabeça verde que navega o lago que há no jardim aqui em frente de casa.

[Recupero o fôlego na ponta da caneta.]

... Magnífica a dança da corte entre todas as criaturas que Deus se esqueceu de combinar!!


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Sombra Azul



Há uma sombra azul em cada despertar na quinta. Do mesmo azul com que escolhemos pintar as madeiras e os umbrais da casa que nunca chegámos a ter. Uma tarefa de imensa responsabilidade, essa de encontrar o grau de azul que nos convinha ao amor e à história que dele se haveria de avistar antes da dobra da estrada. Uma tarefa a que nos atirámos com a solenidade gargalhada que há nas coisas graves e simples. Uma tarefa criminosa, diria eu hoje. Pela arquitectura perfeita que se comprometeu juntamente com o fim de nós duas. Juntas. A brincar latas de tinta nas incontáveis viagens cavalgadas no correr veloz do carro preto.

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VIOLARAM O MEU BLOG!!

Transfiro para aqui o que inicialmente comecei a escrever na janela de comentários.É que, subitamente, a minha indignação pareceu-me excessiva para uma caixa tão pequena!!

Respondia eu a Azul Cobalto (peço desculpa mas não disponho do respectivo endereço), que me tinha deixado este 1º comentário, logo secundado por este outro. Deixou-me grata pela visita e curiosa com o que escreveu. Disse-lho aqui por não dispôr do seu endereço. Hoje, regressada de fim de semana, fico contente por voltar a ter notícias suas. Vejo que deixou um 3º comentário: aqui. ... Talvez tenha vindo deixar-me a morada do seu blog por debaixo da porta, como lhe pedi que fizesse, penso eu. A verdade é que dou comigo a ler 4 ou 5 vezes o "coment" e a não conseguir perceber-lhe sentido. Talvez seja cansaço, ocorre-me então. E eis que subo distraidamente o cursor e descubro o que, aliás, ainda se vê aqui: «This post has been removed by a blog Administrator» ....!!!!!!~
A "blog administrator"??????O que vem a ser isso???
Eu acreditava que todas as decisões de edição só obedeciam a uma mão: a minha, que por acaso criei este blog!! ... A verdade é que o comentário de Azul Cobalto desapareceu. Só ficou o que lhe escrevi à laia de resposta, naquele dia. Não consigo entender como é possível alguém apagar um comentário no meu blog!!! ... Pior ainda: passo uma vista de olhos rápida e percebo que também foram removidas fotos.
Alguém que tenha mais tempo de blogosfera que eu e calhe a passar aqui pelo portão da Senhora do Sul me pode esclarecer se é usual este tipo de ingerência?? É possível uma "mão de sombra", sob a sinistra patente de «blog Administrator» interferir nos conteúdos publicados sem eu ser tida nem achada no caso?? Como é isso possível?

Na 6ªfeira de manhã, escrevia eu que «algo de grave se estava a passar no meu país», ao que Zema me sublinhava o desgosto, suspirando numa tristeza igual à minha: « Algo de muito grave está mesmo a acontecer no meu país.»

Tentarei investigar a intromissão e o desrespeito para com este blog.
Lamento, Azul Cobalto. Lamento muito!... A minha perplexidade é total. O meu repúdio pelo sucedido é absoluto. Deverei repensar se a Blogger é, efectivamente, o espaço de liberdade que julguei ser? Deverá a Senhora do Sul mover-se para um continente mais seguro, onde pelo menos a escrita seja intocável?!...

Subitamente, sinto-me ainda mais triste. Subitamente, sinto um desencanto mais pesado que na 6ªfeira. Por todos os desmandos. Por tudo o que arbitrariamente vem destruir as nossas construções de formas e sentidos, nos dispersa e anula : nos apaga com um simples apertar de tecla.

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